quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Life is a cigarette

A entrada em vigor da lei do fumo caiu como uma bomba na Casa. A nossa impetuosa Patroa insiste em recuar para 2007. Nada a demove, nem um turco do Paris em Lisboa. Talvez um cigarro. Calendários, agendas de 2008... todos serviram de lenha para aquecer a Casa neste clima de gelo. 2008 pura e simplesmente não existe, não na nossa Casa transformada no Museu do Fumo. Na sala exibem-se maços de cigarro de todo o mundo, cigarrilhas, charutos, tabaco de enrolar. O chão foi revestido de vidro, assim vivemos dentro de um cinzeiro gigante para onde atiramos beatas a um ritmo alucinante. Centros comerciais, restaurantes, cinemas foram banidos das nossas vidas. A vida transformou-se numa competição fumatória. A Patroa distribui brindes (cigarros, claro!) a quem conseguir fumar mais cigarros de seguida sem tossir. As compras são feitas pela internet de cigarrinho aceso. O dealer está num quiosque a céu aberto, um céu imenso que acolhe as nossas baforadas. Indignados, os fumadores passivos agradecem as medidas da Casa, pois foram eles os principais prejudicados. Sim, foi proibido ser fumador passivo, fumador à borla. São eles os mais revoltados, aqueles que nos acompanham nas inúmeras conversas sobre o assunto. Esta lei representa um grande incentivo ao diálogo. Eu própria que, em 2007, apenas falava do preço das alfaces, agora discuto demoradamente todas as formas de alimentar o corpo a nicotina.
Não há tempo para mais nada. Os cigarros dominaram a Casa. Já nem trato do jantar.
A vida é um cigarro.

A Governanta

1 comentário:

Anónimo disse...

Obrigada pela solidariedade! Se vai um, vão todos! Vou prosseguir nesta cruzada que isto não fica por aqui, Ah pois não fica...