terça-feira, 2 de outubro de 2007

Afinal, quem é o homem do pão?

Preciso de ter uma boa conversa com a patroa. Começo a desconfiar do homem do pão e a pensar que ele não é quem diz ser. É certo que traz o pão quando lhe pedem, mas troca as vianinhas pelas bolinhas e faz outras confusões muito suspeitas. Além disso, o homem do pão deveria ser assim um "mix" de moleiro tradicional com padeiro, mais ou menos coberto de farinha branca. Mas não. Ele anda sempre muito limpinho, traz o pão em sacos de plástico e não nos habituais sacos de pano. Aqui há mistério.
E o que mais suspeitas me traz é o facto de que ele sabe muito, de muitas coisas. Ora, pessoas que sabem tudo, até agora só conhecia o Prof. Marcelo e os barbeiros da província.
Reflectindo sobre todos estes dados, começo a pensar que o homem do pão é, afinal, um filósofo na clandestinidade.
Se as minhas suspeitas se confirmarem, é um bom auxílio para todos os doentes da cabeça, porque nós não somos doentes da cabeça por acaso. Alguém é responsável pela nossa doença, da qual só sabemos que é altamente contagiosa e já tomou a forma de pandemia universal.
O homem do pão pode ajudar-nos a identificar esses responsáveis e a lidar melhor com o problema.
A patroa deve saber alguma coisa.

1 comentário:

Anónimo disse...

O nosso Coronel insinua aquilo que ele sabe que eu sei que ele sabe, embora não saiba que, na minha estirpe, sempre tivemos a ver com o pão, desde semeadores de cereal, a gestores de moinhos, passando por mais próximos amassadores, forneiros e vendedores do pão de bico, quando ele ainda era a cruzado e pão efectivamente político.Por isso é que não me meti aqui no blogue. Mão amiga fez-me chegar os dois trabalhos que fizeram o Salazar ser professor catedático, sem nunca se doutorar. Curiosamente, têm a ver com o pão de farinha e com o pão nosso de cada dia: um é sobre a questão das subsistências e o outro sobre o regime cerealífero, onde ele propõe medidas que, depois, como governante, nunca aplicou, ao contrário do seu contemporâneo, autor de "Mein Kampf". Porque a questão do pão, ou da falta do dito, se segue dentro de momentos, depois da imensa procura de cereais por causa do biodiesel, o homem do pão anda a estudar a coisa, não vá surgir o pão que o Diabo amassou.