sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Os nossos 3 reis magos

Fernando Lopes Graça, Manuel de Oliveira e José Saramago não são nomes que arrebatem multidões mas lá em casa temos todos os discos, filmes e livros deles.
Na aparelhagem tocam sem cessar os discos do compositor; é um bálsamo para as nossas atormentadas cabeças o som ensurdecedor, repetitivo, entrecortado com silêncios despropositados durante os quais aproveitamos para soltar alguns berros.
No DVD passam os filmes do grande mestre (o Aniki Bóbó foi banido por falta de qualidade) de manhã à noite, à excepção da hora sagrada dos telejornais. Em contraponto ao barulho que enche a casa, as imagens paradas permitem-nos fixar o nosso olhar de autistas num único ponto durante longos minutos, aproveitando para nos mexermos ao ralenti.
Por toda a casa, incluindo os WC, podem ver-se livros do Nobel lidos e relidos. Sempre que estamos cansados, pousamos o nosso olhar numa página de margens justificadas, onde as letras nos trocam os nossos olhinhos míopes, sem que se perceba uma única ideia.
Se o povo soubesse o bem que a obra destes 3 génios faz às nossas alminhas, passariam de ser um produto de elites intelectuais para um bem de primeira necessidade. Essa é que é essa, pecebem?
Patroa

Sem comentários: